Mais da metade da geração Z diz que faculdade é perda de dinheiro porque diploma não vale mais nada

Entenda as razões de jovens estarem desapontados com seus diplomas universitários, segundo levantamento da plataforma de empregos Indeed

Por Preston Fore (Fortune)* | OESP**

A faculdade costuma ser vista como os melhores quatro anos da vida, mas muitos americanos hoje se dizem arrependidos. Mais de um terço dos graduados considera que o diploma foi um “desperdício de dinheiro”, segundo pesquisa da plataforma de vagas Indeed.

Entre os jovens da geração Z, esse índice chega a 51% — contra 41% dos millennials e 20% dos baby boomers. O levantamento foi feito com 772 profissionais com diploma nos Estados Unidos.

Kyle M.K., especialista em tendências de carreira na Indeed, afirma à Fortune que cresce o número de profissionais com diploma questionando seu retorno sobre o investimento.

O custo médio de um bacharelado dobrou em duas décadas, ultrapassando US$ 38 mil, e a dívida estudantil total beira os US$ 2 trilhões.

Isso tem levado instituições e empresas a dar mais valor às habilidades práticas do que ao prestígio acadêmico: hoje, 52% das vagas na plataforma de vagas Indeed não exigem formação formal.

Para muitos, porém, essa percepção veio tarde demais. Cerca de 4,3 milhões de jovens da geração Z estão hoje fora da educação, do emprego ou de treinamentos — o grupo conhecido como “nem nem” (nem estudam nem trabalham)) — e sem direção clara para retomar suas carreiras.

O longo caminho até encontrar valor em um diploma

Em um mercado de trabalho instável, é difícil para os jovens visualizarem o retorno de longo prazo de um curso superior.

Em áreas como psicologia, filosofia e inglês, por exemplo, pode levar mais de 20 anos até que o investimento se pague, segundo a Education Data Initiative.

Christine Cruzvergara, diretora de estratégia educacional da Handshake, alerta que avaliar o ensino superior apenas por ganhos imediatos é “visão curta”.

“O valor da universidade vai além do primeiro emprego: são oportunidades de avanço na carreira, exposição a novos campos, autoconhecimento e desenvolvimento de liderança e gestão.”

Quase 70% dos jovens formados dizem que poderiam exercer seus cargos sem um diploma, mas, sem a experiência universitária, talvez não tivessem acesso à rede de contatos necessária.

Cruzvergara lembra o exemplo de Mark Zuckerberg: ele deixou Harvard no segundo ano, mas só conseguiu construir o império do Facebook graças aos quatro cofundadores que conheceu na universidade.

“A Geração Z precisa de uma conexão mais clara entre o investimento em educação e os resultados alcançados”, conclui.

Inteligência artificial leva formados ao ceticismo

A disseminação da inteligência artificial em todos os âmbitos acentua o descrédito em torno dos diplomas: 30% dos formados dizem que a IA tornou seu grau acadêmico irrelevante — número que sobe para 45% entre a geração Z.

Apesar dos esforços de líderes do setor, o temor persiste. “A IA não vai tirar seu emprego”, afirmou o co-CEO da Netflix, Ted Sarandos. “Mas quem aprender a usá-la bem pode tomar o seu lugar.”

Segundo Kyle M.K., áreas como programação básica, análise de dados simples e produção de conteúdo padronizado são altamente vulneráveis, enquanto enfermagem, gestão de projetos complexos e estratégia criativa continuam relativamente protegidos.

“A IA é mais ferramenta de potencialização do que agente de demissão. Quem investir em aprendizado contínuo e dialogar com o empregador sobre IA terá vantagem competitiva.”

“A inteligência artificial não anula uma boa formação, mas recompensará quem mantiver suas habilidades sempre atualizadas.”

*Esta matéria foi originalmente publicada na Fortune.com

**Estado de São Paulo, https://www.estadao.com.br/economia/sua-carreira/geracao-z-diploma-faculdade-nao-vale-custo-educacao-salarios-jovens/, 26/04/2025

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