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    A aberta carreira diplomática  
Roberto Macedo  
     
    A carreira de diplomata é um caso típico de ocupação aberta a profissionais 
    de várias áreas. Assim, serve de exemplo para que os jovens busquem sua 
    inserção no mercado de trabalho não apenas escolhendo uma profissão, mas 
    também de olho no leque de ocupações, cargos, funções ou carreiras 
    disponíveis no mercado de trabalho, típicos ou não da profissão escolhida. 
     
     
    Esse espectro ocupacional é muito mais amplo que o das profissões, e é onde 
    as oportunidades são encontradas. No mercado de trabalho têm maior sucesso 
    na busca de ocupações as pessoas capazes de ir além das típicas de sua 
    profissão. Isso, para disputar outras oportunidades muitas vezes ignoradas 
    pela equivocada tradição nacional de focar o interesse apenas na escolha 
    profissional, e não também em informações sobre o mundo das ocupações. 
     
     
    O acesso à carreira dá-se mediante concurso aberto anualmente pelo Instituto 
    Rio Branco (IRBr), do Ministério das Relações Exteriores. Informações sobre 
    o último concurso podem ser encontradas no  
     
     
    site do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos. 
     
     
    O salário inicial é, no Brasil, de R$7.183,91 por mês, e o requisito 
    educacional é o diploma, devidamente registrado, de conclusão de curso de 
    graduação de nível superior, emitido por instituição de ensino credenciada 
    pelo Ministério da Educação. 
     
    Como não se especifica esse diploma por curso ou profissão, o concurso é 
    aberto a profissionais de todas as áreas e de todas as escolas que outorgam 
    o diploma exigido como requisito. Os aprovados passam pelo Curso de Formação 
    de Diplomatas do IRBr, em nível de pós-graduação, que ao seu final confere 
    aos aprovados o grau de Mestrado. 
 
     
    VOCÊ QUER SER DIPLOMATA? 
     
    Esse é o titulo de publicação da Fundação Alexandre de Gusmão, do mesmo 
    ministério, a qual fornece informações sobre a carreira e o concurso (publicaçoes@funag.gov.br). 
    Particularmente interessante para o objetivo deste artigo é a informação de 
    que os “… que ingressam na carreira diplomática provêm de áreas do saber 
    cada vez mais diversificadas. Essa diversidade é benéfica para o Serviço 
    Exterior Brasileiro, dada a amplitude da agenda diplomática atual.” 
     
     
    O texto esclarece como várias áreas do saber contribuem para a formação dos 
    diplomatas, mencionando especificamente os cursos de Sociologia, Ciência 
    Política, Relações Internacionais, História, Direito, Economia, 
    Administração, Ciências Exatas e Ciências Biológicas.  
     
    No seu final, a publicação inclui alguns depoimentos muito interessantes, de 
    diplomatas brasileiros que vieram de várias profissões, entre elas algumas 
    que na referida visão tradicional ignoram essa carreira entre suas 
    possibilidades ocupacionais. 
     
    Assim, entre os que apresentam seus depoimentos há diplomatas com cursos de 
    graduação em Matemática (uma diplomata que exerceu antes a ocupação de 
    analista de sistema e foi também comissária de bordo), Letras, Administração 
    de Empresas, Geografia, Jornalismo, Ciências Sociais, Ciência Política, 
    Economia, Relações Internacionais, Engenharia Mecânica, História, Direito e 
    Medicina, além de um outro que combinou Direito, Música e Antropologia. 
     
     
    Portanto… 
     
    Aberta a profissionais de todas as áreas do saber, desde que tenham o 
    diploma de curso superior exigido pelo IRBr, a diplomacia é uma das muitas 
    carreiras que mostram que a orientação quanto à inserção do jovem no mercado 
    de trabalho, como usualmente realizada no Brasil, é muito limitada no 
    horizonte que alcança. Ela se cinge ao elo entre vocação e profissão, e 
    ignora a estrutura de ocupações desse mercado. Em particular, o amplo leque 
    de oportunidades que oferece além das ocupações típicas de cada profissão. 
     
     
    Na metáfora do meu livro citado abaixo, quando se formam as pessoas sabem a 
    prancha ou diploma que têm, mas não tanto a onda de oportunidades em que 
    irão surfar na busca de trabalho.  
 
     
    *Roberto Macedo, economista (USP), com doutorado pela Universidade Harvard 
    (EUA), é professor, consultor econômico e na área educacional, e autor do 
    livro Seu Diploma, Sua Prancha – Como Escolher a Profissão e Surfar no 
    Mercado de Trabalho (São Paulo: Saraiva, 1998). Esta coluna é publicada 
    quinzenalmente neste caderno. E-mail: empregos@grupoestado.com.br
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