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    As escolas públicas e particulares de São Paulo não precisam implantar as 
    disciplinas de sociologia e filosofia no currículo do ensino médio. O CEESP 
    (Conselho Estadual de Educação de São Paulo) considerou "nula" a norma do 
    MEC (Ministério da Educação) que obriga as escolas a terem aulas específicas 
    nessas duas áreas. A decisão foi publicada no sábado (18) no Diário Oficial 
    do Estado de São Paulo. Os conselhos e secretarias estaduais de educação do 
    país tiveram até esta terça (21) para apresentar ao MEC um plano de trabalho 
    para implantação das duas disciplinas no currículo. Ou seja, o ministério 
    não cobra que as aulas comecem já em 2007, mas pede aos sistemas de ensino 
    que digam quando e como vão iniciar as disciplinas. 
     
    A obrigatoriedade foi instituída há um ano pelo CNE (Conselho Nacional de 
    Educação), órgão colegiado do ministério, e abrange todas as escolas das 
    redes pública e privada de ensino médio do país que adotam o sistema de 
    disciplinas. Para o presidente do conselho paulista, Pedro Salomão José 
    Kassab, não há hierarquização que obrigue os conselhos estaduais e 
    municipais a aceitarem as decisões do Conselho Nacional. "Pela Constituição, 
    os sistemas estaduias e municipais de ensino são autônomos. Eles só devem 
    cumprir a Lei, a LDB [Lei de Diretrizes e Bases], que permite que esses 
    conteúdos sejam ministrados de modo transversal, ou seja, distribuídos em 
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    outras 
     
    disciplinas." O texto do CEESP publicado no Diário Oficial diz que, "a 
    obrigatoriedade de inclusão de disciplinas específicas de filosofia e 
    sociologia fere a autonomia assegurada aos sistemas de ensino, pela LDB e 
    pela Constituição, para a definição de suas próprias grades curriculares". 
    Segundo o documento, "cada escola é autônoma para decidir, dentro das 
    balizas postas pela legislação, o melhor modo de organizar o currículo a ser 
    ministrado aos seus alunos". 
     
    A diretora de políticas públicas do ensino médio do Ministério da Educação, 
    professora Lúcia Lodi, diz que o CNE pode, sim, legislar, e o ministro 
    Fernando Haddad já homologou a resolução. Na rede estadual de ensino 
    paulista, porém, as aulas já são aplicadas, segundo a assessoria de imprensa 
    da Secretaria de Educação. Filosofia é obrigatória a 1ª e 2ª série do ensino 
    nédio e opcional para a 3ª série. Quanto à sociologia, a disciplina é 
    optativa no 3º ano do ensino médio. O CEESP é formado por 24 membros e tem 
    funções normativas, deliberativas e consultivas em relação à educação 
    paulista pública e privada. É vinculado à Secretario Estadual da Educação.
     
     
    Sem professores – Kassab afirma ainda que, caso a resolução do MEC fosse 
    aprovada no Estado, São Paulo não teria número suficientes de professores 
    para lecionar as duas disciplinas.  
     
    Segundo a   | 
 
     
    Secretaria de Educação de São Paulo, 3.463 professores de filosofia e 944 de 
    sociologia atuam hoje na rede estadual. Para Lejeune Matogrosso, coordenador 
    da Federação Nacional dos Sociólogos, não faltarão professores de 
    sociologia. "Estimamos que, em três anos, seja necessário contratar 10 mil 
    professores em cada uma das discuplinas. No Brasil, já existe 40 mil 
    formados na área. E, por ano, se formam de 1.500 a 2.000 sociólogos", 
    explica. Segundo o sociólogo, vários profissionais da área são professores 
    de outras disciplinas, como história e geografia, por falta de aulas 
    específicas de sociologia. Ele diz ainda que, em "caráter excepcional", 
    bacharéis (ou seja, sem formação em licenciatura), podem lecionar. 
     
    Para o professor de filosofia da UFPR (Universidade Federal do Paraná) e 
    coordenador do Fórum Sul-Brasileiro de Filosofia e Ensino, Emmanuel Appel, 
    também há filósofos em número suficientes para lecionar. "Temos 190 cursos 
    de filosofia no país, e a disciplina foi suprimida do ensino médio em agosto 
    de 71. Durante 35 anos, esses cursos formaram um considerável número de 
    pessoas. Caso não estejam lecionando, eles podem passar também por 
    reciclagem." Appel diz ainda que em 17 dos 27 Estados do país a filosofia já 
    vem sendo ensinada nas escolas, e Estados como Minas Gerais e Paraná têm 
    essa disciplina como obrigatória em suas Constituições estaduais.
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