| 
  
 
Figurinos em cena 
 
 
Logo que se popularizou, nos anos 30, o cinema encontrou-se com a moda. E 
assim viveram felizes para sempre 
Mariana Abreu Sodré e Nathalia Birkholz 
Já na infância, as mulheres são 
apresentadas a Cinderela, e se encantam com a história da pobre gata 
borralheira que se torna princesa. As roupas maltrapilhas da personagem, 
antes do aparecimento da fada madrinha, acentuavam a infelicidade da 
mocinha, que só teve fim quando ela ganhou um belo vestido rodado, como o 
das princesas. A realização de Cinderela começou com a mudança de visual, 
antes mesmo da dança com o príncipe. Isso sem falar no sapatinho de cristal. 
Será que o príncipe buscaria a dona de um chinelo gasto? Provavelmente não. 
Figurino é isso: a tradução de uma personalidade. Tem o poder da linguagem 
e, por isso, é fundamental em contos, novelas e filmes. 
Prova disso foi a afirmação feita por 
Meryl Streep, protagonista do filme O Diabo Veste Prada, quando recebeu seu 
Globo de Ouro por melhor atriz. De cima do palco, ela homenageou a 
figurinista do longa, Patrícia Field (que também assina o visual das garotas 
de Sex and the City), dizendo que a profissional merecia a estatueta da 
categoria “efeitos especiais” pelo trabalho realizado no filme. Meryl, na 
pele de Miranda, era o diabo que vestia Prada e outras grifes bacanas. 
Enquanto sua assistente Andrea, interpretada por Anne Hathaway, fazia as 
vezes de uma Cinderela moderna, que trocou a suposta saia da avó por um 
guarda-roupa jovem, repleto de peças da Chanel, por Karl Lagerfeld. 
Mas Anne não foi a primeira atriz que 
teve o prazer de usar Chanel nos sets de filmagem (e quem sabe na vida 
real). Na década de 30, a marca já estava na telona. Coco Chanel recebeu US$ 
1 milhão para desenvolver as vestes de três longas dos estúdios MGM, entre 
os quais, A Regra do Jogo, de Jean Renoir (1939). Mas foi o estilista Hubert 
de Givenchy quem levou a melhor no filão cinematográfico, produzindo oito 
longas, em seis deles vestindo sua bonequinha de luxo Audrey Hepburn. 
ADRIAN E O FAST-FASHION 
Menos conhecido e bastante importante 
foi o norte-americano Adrian, queridinho das personagens de Greta Garbo, e 
famoso por criar trajes de gala. Foi ele quem vestiu o elenco de filmes como 
O Mágico de Oz (1939) e Redimida (1932), no qual o vestido branco de organza 
– usado pela atriz Joan Crawford – virou objeto de desejo das mulheres, e no 
melhor estilo fast-fashion acabou nas prateleiras da loja Macy’s por US$ 20 
– cinqüenta mil réplicas foram vendidas em menos de um mês. 
Além desse feito, Adrian criou os looks 
da primeira montagem de Maria Antonieta, dirigida por W.S. Van Dyke, com 
roteiro de F. Scott Fitzgerald. Na época, a atriz Norma Shearer era a 
protagonista, recentemente vivida por Kirsten Dunst no remake moderno de 
Sofia Copolla com indumentária de Milena Canonero. O mix de babados e ancas 
vitorianos, com toques contemporâneos, é um dos atrativos do longa de 2006. 
Assim como a estética dos “drugues” (como são chamados os companheiros do 
protagonista) de Laranja Mecânica (também assinados por Milena Canonero) se 
destacam desde 1971. 
Em busca de mais referências sinérgicas 
entre o cinema e a moda, o Feminino perguntou a alguns dos maiores fashion 
experts quais são os filmes imperdíveis para quem gosta de moda. Confira os 
três filmes eleitos por Lilian Pacce, Giovanni Frasson, Chiara Gadaleta, 
Érika Palomino e Costanza Pascolato, como os mais representativos no 
casamento moda e cinema. 
Agradecimento: 2001 Vídeo 
 
Fashionistas opinam 
Lilian 
Pacce, editora e consultora de moda e apresentadora do GNT Fashion 
Bonequinha 
de Luxo (Breakfast at Tiffany’s) (1961): 
“O figurino do costureiro Hubert de Givenchy fez com que a atriz Audrey 
Hepburn se tornasse a eterna bonequinha de luxo do cinema, com sua elegância 
discreta, chapeuzinho, luvas e carteira – e o ótimo pretinho básico com o 
qual ela contempla a vitrine da famosa joalheria de Nova York, que dá nome 
ao filme no título original.”  
Dolls, de 
Takeshi Kitano (2002): “Um filme de 
trágicas histórias de amor, reforçadas pelo preciso figurino do estilista 
japonês Yohji Yamamoto, que caracteriza os personagens com alma e estilo: da 
roqueira, que é um ícone pop, ao casal que perambula amarrado um ao outro.” 
 
Maria 
Antonieta (2006): “No século 18 ou 
hoje, o filme mostra como a moda pode ser usada para expressar 
comportamentos e ideais, repressão e rebeldia. O figurino mescla, com toda 
naturalidade, ícones da época e de hoje. “ 
Giovanni 
Frasson, editor de moda da Vogue Brasil 
 
Blow Up 
(1966): “É uma das primeiras tramas no 
mundo da moda.” 
Bonequinha 
de Luxo (Breakfast at Tiffany’s) (1961): 
“Foi um marco na década de 60, com imagens de moda que até hoje alimentam o 
universo fashion.”  
Blade 
Runner, o Caçador de Andróides (1982): 
“Foi o filme que marcou o futurismo dos anos 80, que é referência até hoje.” 
Chiara 
Gadaleta, designer, consultora de moda e stylist 
Memórias 
de uma Gueixa (Memoirs of a Geisha) (2005): 
“Possui uma referência de moda mais absurda do que a outra. Um espetáculo é 
a cena da dança dos leques, com as gueixas lindíssimas, vestindo quimonos 
extraordinários.”  
Último 
Tango em Paris (Last Tango in Paris) (1972): 
“Adoro aquela cena em que ela (a atriz Maria Schneider) chega ao apartamento 
para encontrar o Marlon Brando e veste um mantô com gola de pele, botas e um 
chapéu, o look é lindo.”  
Quem é 
você Polly Magoo? (Qui êtes vous Polly Magoo?) (1966): 
“Eu adoro a estética toda do célebre filme do Willian Klein. A cena que 
marcou é uma das primeiras, a do desfile naquele lugar absurdo, com todas as 
modelos descendo as escadas em caracol e tudo muito sixties.”  
Costanza 
Pascolato, consultora de moda e etiqueta 
Quem é 
você Polly Magoo? (Qui êtes vous Polly Magoo?) (1966): 
“Vivi esta época. O filme tem tudo sobre os anos 60 e sobre a revolução da 
moda futurista de nomes como Andre Courréges. Esta foi a única época que o 
futuro serviu de base para a invenção de modas. Até essa década, o mundo era 
adulto. O jovem começou a existir a partir daí, e não foi só com uma moda 
voltada para eles , mas também com idéias para o futuro que foram 
contempladas com interesse.”  
Sabrina 
(1954): “Com a Audrey Hepburn vestida 
por Hubert de Givenchy. Tem uma cena que é maravilhosa, na qual ela usa um 
vestido tomara-que-caia branco de baile com o ator Willian Holden. Conheci o 
Givenchy, que inclusive me levou ao mesmo dentista da Audrey. E contou que 
ela foi procurá-lo em seu ateliê, pois entendeu a força da imagem. Audrey 
foi esperta, e os dois se deram muito bem. Ela era chique e ele deu o grande 
toque em sua imagem.” 
Maria 
Antonieta (2006): “Gosto muito de 
filmes de época. Ainda não assisti a este, mas já vi tanta coisa sobre o 
enredo e sobre as roupas que posso dizer que o figurino é excepcional. Adoro 
a Milena Canonero (a figurinista), é o tipo de mulher que entende de moda.” 
Erika 
Palomino, editora de moda 
Maria 
Antonieta (2006): “Por motivos óbvios: 
o filme é lindo, a direção de arte é incrível e a Kirsten Dunst é a menina 
que todas querem ser hoje.”  
2046 – Os 
Segredos do Amor (2004): “Estética 
fechada e cores dramáticas. Japonismo à última potência.” 
Babel 
(2006): “A caracterização dos 
personagens é incrível e é muito em cima do figurino. “  
 | 
1 comentário
Os comentários estão fechados.